20 janeiro 2015

[Resenha] Cordeluna - @EditoraBiruta

Nome: Cordeluna
Autora: Élia Barceló
Páginas: 303
ISBN: 9788578480813
Editora: Biruta
Ano de lançamento: 2011
Comprar: Saraiva

Mil anos atrás, uma história de amor foi interrompida pela desgraça e uma maldição. Um poder tão maligno que tinha conseguido dominar seus espíritos geração após geração. E enquanto isso, os apaixonados esperam... condenados a se reencontrar e voltar a se perder por culpa do ciúme e do ódio. O cavaleiro e a dama. O guerreiro e a donzela. Até que talvez um dia, talvez em nossa época, séculos depois, um poder superior e benigno consiga pôr um fim ao malefício.
Apaixonante novela que combina história e fantasia, amor e maldade, bruxaria e religião, criada pela escritora Élia Barceló, conhecida como a “Dama Negra” da literatura espanhola, ganhadora em duas oportunidades do Prêmio Edebé de Romance Juvenil.
A história se passa na Idade Média e é muito bem retratada no livro, que destaca costumes e valores da época. As sangrentas guerras entre muçulmanos e cristãos pela expansão e posse de seus domínios. No posfácio, a editora explica os diferentes períodos da História e descreve a fascinante personalidade de El Cid.

Leve exercício de história e misticismo, Cordeluna cria uma nova espada mágica para o panteão da literatura fantástica. Entrelaçando eventos ocorridos a partir de 1081 e outros mil anos depois (ou um pouco menos), no presente, a autora constrói lentamente um mosaico da vida cotidiana das duas épocas, com suas lutas, costumes e conquistas.

Em 1081, ao sul da Espanha dominado pelos mouros (muçulmanos), o nobre dom Rodrigo é condenado ao desterro depois de ser acusado de roubar dinheiro de impostos – perderá seu título e terras, tendo que abandonar as fronteiras do reino e adentrar em áreas dominadas pelos mouros. Sancho, filho de fidalgo que substituiu o pai a serviço de dom Rodrigo, decide acompanhar seu senhor na reclusão, crente de que conquistando novas terras e riquezas para o rei dom Rodrigo poderá ser perdoado. Antes de partir, o pai de Sancho entrega a ele um dos tesouros da família: Cordeluna, uma estranha espada, tomada de mouros séculos antes e que tem a lâmina curva com pedras engastadas na empunhadura, uma sobrenatural luminescência cerca a espada que imediatamente aceita Sancho como seu dono e herdeiro legítimo. No exílio, Sancho luta bravamente contra os mouros, acumulando riquezas rapidamente. Em excursão para entregar presentes ao rei, Sancho conhece uma donzela, Guiomar, filha de duquesa, e se apaixona imediamente. Essa paixão desencadeará uma sequência inesperada de eventos, que mudará a vida de todos eles e do próprio reino.

Já nos dias atuais, um grupo de teatro se reúne durante dois meses em um antigo mosteiro para ensaiar uma peça baseada em um poema medieval que conta como dom Rodrigo, injustamente condenado ao exílio, reconquista sua honra e o direito de voltar para seu rei e sua família. Sérgio e Glória acabam de se conhecer, mas sentem uma irresistível atração um pelo outro, algo que não sabem explicar. Trabalhando duro para que a peça seja ensaiada, eles vêem em vários lugares do mosteiro um símbolo: uma Gota e um Sol, talvez a lembrança de amantes de outra época, que costumavam usar representações da primeira letra do nome de cada um em pinturas ou entalhes.



DICA: nas últimas páginas do livro há um mapa da Península Ibérica mostrando a evolução da conquista dos reinos entre os séculos XI e XV. Segundo a nota histórica, os mouros chegaram àquela região no século VIII. Nesse contexto histórico fica fácil entender como os espanhóis e portugueses trataram com tanta naturalidade a conquista da América Latina pelo extermínio da população local a partir do século XVI.

Os capítulos são alternados entre as duas épocas, e mesmo que dividam o mesmo tom de narrativa a caracterização da fala do século XI é a mais chamativa: com verbos na terceira pessoa, rico em mesóclises (ai, minhas aulas de português, que agora estão em um passado distante!) e muito mais formal e bonita do que a fala contemporânea.

Em diversos momentos a leitura me lembrou as novelas de Paulo Coelho – na junção de crenças pagãs com misticismo acomodado às crenças do cristianismo primitivo. Em "Cordeluna" a abordagem é bem mais leve, feita para o público adolescente. Quem gostar de "Cordeluna" certamente vai adorar os livros de Paulo Coelho muito em breve.

Há umas poucas notas de rodapé, todas essenciais. Geralmente são verbetes incomuns e algumas notas históricas para contexto. Sem elas o trecho ficaria incompreensível e não são em número suficiente para atrapalhar a leitura. Não encontrei erros de digitação nem de revisão, parabéns para a equipe! A capa é simples, uma versão minimalista dos brasões de família que ambienta bem a narrativa, assim como as reproduções de códices medievais.

Algumas perguntas me intrigaram após o final da leitura: até que ponto o que ocorreu mil anos atrás nos afeta? Como decisões individuais tomadas há tanto podem ter tanta influência nos rumos da história? Quais decisões que tomamos hoje terão o mesmo efeito no futuro?

Cordeluna é uma história de romance além da vida, além do destino e sobre a herança que temos de tempos imemoriais, nos lembra que a humanidade não chegou até aqui por coincidência, foi pela força de pessoas que derramaram muito sangue e tiveram fé em suas convicções.

Exemplar gentilmente cedido pela Editora Biruta para o Booktour. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, ele está no Rio Grande do Sul para depois ir a Goiás e São Paulo!


Comentários via Facebook

1 comentários. Comente Também!:

  1. Olá!
    Eu gostei da temática do livro e achei bastante interessante, portanto, vou dar uma melhor pesquisada e descobrir mais sobre ele e quem sabe ler.
    Entendo que ele tem um "q" de novela estilo Paulo Coelho, o que pode ser bom para alguns, mas eu não costumo gostar muito. Entretanto, pelo tema eu leria ele sim sem problemas.

    Abraço! :)
    http://clicandolivros.blogspot.com.br/

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